Monday, July 21, 2008

AVIAÇÃO
Calma aparente
Renata Mariz
Um ano depois do maior acidente da história do país, a tranqüilidade nos aeroportos contrasta com os bastidores do tráfego aéreo, que, segundo controladores, ainda enfrenta a falta de profissionais habilitados.As filas de embarque relativamente calmas e os saguões vazios dão a impressão de que muita coisa mudou no setor aéreo brasileiro. Nem de longe os aeroportos lembram o caos instalado durante a crise deflagrada pelo acidente da Gol, em setembro de 2006, e agravada pelo da TAM, em julho do ano passado. No rastro do colapso, ficaram denúncias alarmantes sobre a falta de segurança no ar e promessas anunciadas por autoridades do setor. O cenário mudou, de fato, nos aeroportos, mas nos bastidores do tráfego aéreo, a situação continua a mesma, segundo os controladores. A começar pelo número de profissionais, uma deficiência reconhecida publicamente pelos gestores da época. São cerca de 2.700, contra aproximadamente 2.600 daquele período. Por meio da assessoria de imprensa, a Aeronáutica esclarece que o número de 2.700 controladores divulgado refere-se a profissionais militares e que, além desses, há controladores civis. Mas não informa de quanto é o contingente adicional. De acordo com a força, foram contratados 600 controladores nos últimos dois anos por meio de concurso público. Entretanto, a saída de muitos profissionais reflete na quantidade ainda deficitária do quadro. Pior: os novatos estariam sendo habilitados de forma apressada, sem a experiência necessária para assumir os consoles, conforme mostram documentos. A Aeronáutica nega a existência da prática. Afirma que algumas turmas tiveram a formação, que dura dois anos, numa modalidade especial de um ano, mas ressalta que a carga horária foi mantida. Na avaliação de profissionais experientes, o tipo de treinamento é inadequado, pois coloca o aluno em atividade de controle simulado na parte da manhã e da tarde, o que acarretaria queda no aprendizado. A discordância do esquema de treinamento por parte de controladores mais experientes é corriqueira e está registrada em diversos relatórios oficiais da Aeronáutica. Em um dos ofícios, o sargento Brito, instrutor do 4º Centro Integrado de Defesa e Controle do Tráfego Aéreo (Cidnacta-4), em Manaus, reclama de ter sido informado de que um estagiário sob sua instrução recebeu habilitação para controlar vôos. “… na minha avaliação, o estagiário, em franca evolução operacional, ainda não reúne, contudo, as condições mínimas necessárias para ser checado e muito menos habilitado, por não ter computado o tempo mínimo previsto de 120 horas de estágio…”, diz o sargento em um comunicado à chefia, datado de maio de 2007. Advertência Uma situação semelhante, também em Manaus, levou o instrutor Sérgio Souza a recorrer a um relatório de perigo. Ele descreve que um sargento, identificado como Guedelha, depois de afastado seis meses das funções por ter pedido a habilitação, havia sido reabilitado sem apresentar condições para tal. “Solicito a reavaliação das cargas horárias dos estagiários, assim como o estágio e o curso do mesmo para posterior habilitação”, destacou Souza no relatório de perigo. Há situações também em que os próprios controladores, ao serem denominados instrutores, questionam se teriam qualificação. “… Consultei a IMA 100-18 (legislação sobre licenças e certificados de habilitação técnica para controlador de tráfego aéreo) e verifiquei que infelizmente não cumpro quase nenhuma das exigências que um instrutor deve ter…”, relata um sargento de Manaus, ao se reportar ao chefe avisando, por escrito, que não continuaria na função. O problema, segundo controladores ouvidos pelo Correio, é que boa parte dos quadros mais antigos, e portanto habilitados para serem instrutores, foi afastada das funções pelo Comando da Aeronáutica. Um levantamento da Federação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta) mostra que, do 1º semestre de 2007 para cá, pelo menos 74 profissionais saíram das salas de controle — uns foram demitidos, outros pediram baixa e há ainda os que continuam na Força Aérea, mas em atividades administrativas. Mais de 90% deles tinham tempo superior a cinco anos de serviço. Os afastamentos, segundo a Febracta, são na maioria fruto de perseguição contra controladores ligados a associações, à paralisação do dia 30 de março do ano passado ou profissionais que deram entrevistas a meios de comunicação. O número600 controladores foram contratados nos últimos dois anos por meio de concurso público, segundo a Aeronáutica Mudanças após o caosCoincidência ou não, depois que as denúncias sobre insegurança no ar pipocaram na imprensa, a Aeronáutica mudou o nome do relatório de perigo, ficha usada para descrever situações de risco, chamadas no jargão militar de incidentes, para relatório de prevenção. A assessoria de imprensa das Forças Armadas denominou a alteração como “atualização de nomenclatura, face ser uma ferramenta exclusiva para prevenção”. No entanto, as mudanças não se limitaram ao nome da ficha. As formas de preenchimento também sofreram alterações. Antes de responsabilidade exclusiva dos controladores de tráfego aéreo, os relatórios passaram a ser manuseados apenas por oficiais supervisores — figura criada pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) após a paralisação de 30 de março do ano passado, para ficar nas salas de controle. “Eles não têm formação em controle, não entendem nada da área, no entanto são responsáveis por registrar os incidentes descritos”, reclama um controlador que teme se identificar. Até o acidente com o avião da Gol, em 29 de setembro de 2006, era o controlador que preenchia, assinava e catalogava o relatório de perigo, para que fosse encaminhado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). O acesso a essas informações, agora, está muito restrito, relatam unanimemente três profissionais ouvidos pela reportagem. Da mesma forma, a notificação no Livro de Registro de Ocorrências, onde constam problemas como falhas de radares e de comunicação, foi limitada. Cópias de ofícios timbrados com o brasão do Ministério da Defesa, enviados pelo 1º Centro Integrado de Defesa e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta-1, em Brasília) à Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes e Incidentes (Sipacea), braço do próprio centro, mostram relatos diários e repetidos de dificuldades técnicas no ano de 2007 inteiro. Alvos falsos, altura imprecisa da aeronave e queda de freqüência são os problemas mais comuns. Em relatório de perigo de junho do ano passado, o temor do controlador: “Mais de oito meses após o acidente com o GLO 1907, as trocas automáticas de níveis de vôo pelo sistema ainda estão ocorrendo…”, descreve, dando como exemplo quatro vôos que, naquele dia, apresentaram o defeito. (RM)

Wednesday, July 09, 2008

Rússia reage a escudo antimísseis
País ameaça "mudar posição estratégica" após EUA e República Tcheca firmarem acordo para base

Os Estados Unidos e a República Tcheca assinaram ontem em Praga acordo para instalar uma base de radares ao sudoeste da cidade. O acordo faz parte do plano americano de expandir seu chamado "escudo antimísseis" para o Leste Europeu.

Em reação, o Ministério do Exterior russo disse que, se o escudo vier de fato a ser implantado, será forçado a abandonar a diplomacia e a adotar meios "técnico-militares". No entanto, o embaixador da Rússia na ONU, Vitaly Churkin, disse não se tratarem de ações militares, mas sim de uma mudança de "posição estratégica".

Em 2007, o ex-presidente e atual primeiro-ministro Vladimir Putin dissera que o escudo altera o equilíbrio militar na Europa e que a Rússia poderia direcionar mísseis contra países europeus se o projeto seguisse em frente. Washington alega que o escudo protegerá os EUA e seus aliados europeus contra ataques de países inimigos, como o Irã.

O acordo em Praga derruba negociações anteriores entre Moscou e Washington para buscar alternativas que diminuíssem a preocupação do Kremlin de que as instalações sejam usadas para espionagem ou ataque aos sistemas de mísseis russos. Entre as propostas em estudo estava um sistema de defesa multilateral, com a presença de oficiais russos nas bases americanas.

Tchecos contra
Citado pela agência Reuters, o analista militar Pavel Felgenhauer disse que retórica russa busca pressionar o Parlamento tcheco, do qual depende a ratificação do acordo.

Como a coalizão governista de centro-direita tem apenas metade dos votos na Câmara Baixa e a oposição é contrária ao plano, a instalação deverá ser submetida à Casa somente após as eleições gerais de 2010.

O acordo brindado com champanhe pela secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e pelo chanceler tcheco, Karel Schwarzenberg, foi recebido com o protesto de cerca de mil pessoas numa praça central de Praga. Pesquisas de opinião indicam que dois terços dos tchecos opõem-se ao escudo. A oposição, liderada pelos social-democratas, pedem um referendo.

Durante a Guerra Fria, a República Tcheca pertenceu à esfera de influência soviética. Nos anos 90, após o fim da URSS, o país aderiu à Otan, a aliança militar ocidental.

Polônia
O acordo de ontem em Praga é apenas um passo para a instalação do escudo, que recebeu em abril passado apoio da cúpula da Otan. Na mesma cúpula, porém, numa ostensiva concessão à Rússia, a aliança militar adiou os planos de buscar a adesão das ex-repúblicas soviéticas da Geórgia e da Ucrânia.

O projeto do escudo depende de um acordo com a Polônia, onde seriam instalados dez interceptadores de foguetes. Nesta semana, no entanto, o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, condicionou o tratado ao fornecimento ao país, pelos EUA, de sistemas antimísseis de curto e médio alcance.

Outro fator são as eleições americanas. O virtual candidato republicano, John McCain, caso eleito, levará em frente o plano. Já o rival democrata, Barack Obama, ainda não se pronunciou.

Com agências internacionais

Folha de São Paulo Irã promete resposta "esmagadora" se for atacado
Declaração de porta-voz do líder supremo marca escalada de tensão com Israel e americanos por causa do programa nuclear iraniano
Najmeh Bozorgmehr
James Blitz

O Irã ontem ameaçou retaliação contra Tel Aviv, navios americanos no golfo Pérsico e os interesses de Washington em todo o mundo caso sofra um ataque com o objetivo de paralisar o seu programa nuclear.

Em uma escalada das tensões entre o Irã e Israel quanto ao programa de enriquecimento de urânio de Teerã, um importante assessor do aiatolá Ali Khamenei, o líder espiritual supremo, não mediu palavras para definir como seu país responderia a qualquer agressão.

"O regime sionista está colocando os líderes da Casa Branca sob pressão para que encetem um ataque militar ao Irã", disse Ali Shirazi em discurso às forças navais da Guarda Revolucionária, a unidade militar de elite. "Caso eles façam algo de tão estúpido, Tel Aviv e a Marinha dos EUA no golfo Pérsico serão incinerados como alvos iniciais do Irã em sua primeira resposta esmagadora".

Não é a primeira vez que o Irã ameaça retaliação em caso de ataque. Mas o regime vem sendo mais específico quanto à forma que suas ações tomariam, e pela primeira vez apontou Tel Aviv como potencial alvo.

Os comentários de ontem não causaram impacto nos mercados financeiros nem no preço do petróleo. No entanto, a atenção internacional está concentrada na possibilidade de um ataque militar de Israel contra o Irã ainda neste ano.

Um importante diplomata da União Européia estimou nesta semana que as chances de um ataque são de "50%", em primeiro lugar porque Israel acredita que o Irã venha a dominar a tecnologia necessária a produzir uma bomba nuclear em 2010, e em segundo porque a possibilidade de que Barack Obama vença a eleição presidencial nos EUA privaria Israel do apoio necessário para um ataque como esse.

Diplomatas ocidentais dizem que, a partir do segundo trimestre do ano que vem, o Irã terá em operação mísseis antiaéreos adquiridos da Rússia que complicariam qualquer operação israelense contra as suas instalações nucleares.

O endurecimento na retórica se seguiu a uma decisão da marinha americana de conduzir exercícios militares no golfo Pérsico, na segunda-feira.

Washington também anunciou ontem a imposição de sanções unilaterais contra o Irã, entre as quais medidas contra um assessor do aiatolá Khamenei -Yahya Rahim Safavi, que serviu como comandante da Guarda Revolucionária.

As sanções afetam também Mohsen Fakhrizadeh-Mahabadi, identificado como cientista sênior do programa nuclear iraniano, e o grupo Tamas, uma empresa identificada pela ONU como responsável por estágios essenciais do programa, entre os quais o enriquecimento do urânio.
Tradução de PAULO MIGLIACCI

Tuesday, July 01, 2008

Novo mapa dos ricos no mundo
A fatia dos Estados Unidos no bolo dos milionários mundiais está encolhendo.

No ano passado, a população de milionários em países do chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), considerados emergentes, aumentou quase cinco vezes mais rápido que a dos EUA. Foi a maior alteração em termos de criação de milionários desde que os dados da pesquisa começaram a ser divulgados, em 2003.

O número de milionários no Brasil, Rússia, Índia e China subiu 19% em 2007, contra 3,7% nos EUA, segundo relatório produzido pela Merrill Lynch e pela Capgemini.

Os EUA ainda dominam o cenário mundial dos muito ricos. O país conta com mais de 3 milhões de milionários, definidos através do critério de contar com um patrimônio para investimento de US$ 1 milhão ou mais. É um aumento de 100.000 ricaços em relação ao total de 2006.

Mas os países emergentes ficaram no ano passado com o grosso do crescimento no número de ricos. Brasil, China, Índia e Rússia produziram 133.000 novos milionários.

Indianos batem recorde
A população de milionários da Índia cresceu 22,7% ano passado, o ritmo mais rápido do mundo.

Brasil e China
He Guoqiang, membro do Comitê Permanente do Birô Política do Comitê Central do Partido Comunista da China fará uma visita oficial a Brasília, nesta terça-feira. O embaixador chinês, Chen Duqing é quem vai recebê-lo. He Guogiang virá acompanhado de uma delegação oficial composta por seis pessoas, entre elas, o ministro do Departamento Internacional do Comitê Central, Wang Jiarui. No roteiro da visita está a Câmara dos Deputados, onde os chineses irão expressar a relevância da parceria estratégica entre os dois países.

Oportunidades de Negócios
Ainda dentro do assunto sobre o crescimento do mercado chinês, acontece às 9h, na Fibra, o seminário Oportunidades de Negócios na China. O evento será promovido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e realizado pelo Secretariado Permanente do Fórum para Cooperação Econômica e Comercial da China e Países de Língua Portuguesa.

Jornal do Brasil INFORME JB
Sobre petróleo, dinheiro e armas
Leandro Mazzini

Teorias da conspiração permeiam as confabulações populares em se tratando de interesses dos Estados Unidos. Os EUA sempre monitoraram informações dos outros. Como o petróleo no Brasil. A reserva americana vai durar poucos anos. Daí a necessidade de ocupação do Iraque, grande produtor, e das boas relações com a Arábia Saudita.

Os EUA vão reativar sua IV Frota no Cone Sul. Um porta-aviões modelo Nimitz vai navegar por águas latinas, inclusive brasileiras. Carrega até 90 caças e alguns submarinos nucleares. O combate ao crescente terrorismo foi a justificativa. O Nimtiz surge junto com a descoberta do megacampo de Tupi. Há três meses, dados secretos sobre essas reservas foram roubados no Rio. A PF tratou como furto comum. Cheney tem participação na empresa que cuidava do transporte desses dados no Brasil, em parceria com a Petrobras. Acionista de petrolíferas, foi Cheney quem fez o maior lobby para a reativação da IV Frota. Até que o primeiro barril extraído de Tupi prove o contrário, tudo não passa de conspiração.

Jornal do Brasil Leme pede o fim da favelização
Associação e ONG fazem reunião com moradores e autoridades para acabar com a violência

Cansados da rotina de violência, moradores do Leme decidiram cobrar uma solução para a falta de segurança no bairro diretamente do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Ontem, em reunião com autoridades estaduais da área e também do meio ambiente, eles debateram os problemas que o bairro vem enfrentando e a sensação de insegurança que se instalou na região há mais de um ano.

– Aqui tem tiroteio dia e noite, a situação chegou a tal ponto que alguns moradores chegaram a pensar em blindar suas janelas ou até mesmo deixar o bairro – declarou o presidente da associação de moradores do Leme, Francisco Chagas. – Mas blindar as casas é resolver uma situação individual. Temos que eliminar o problema na base. Por isso esta reunião.

Em carta enviada ao governador Sérgio Cabral, no início de junho, o movimento sócio-ambiental independente dos moradores do bairro, o SOS Leme, mostrou a preocupação com as invasões nas áreas florestais e terrenos privados, já que a infraestrutura do bairro não comporta a ocupação desordenada do solo e o crescimento descontrolado de sua população. Ainda na carta, o grupo afirma que o poder público não pode mais se manter calado diante destes fatos ligados à Segurança e Meio Ambiente.

– O Leme é um bairro pequeno e nós queremos saber quais as propostas do governo para resolver o nosso problema – destacou o coordenador do Movimento SOS Leme, Sebastian Archer. – Queremos relatar nesta reunião o que vem ocorrendo no bairro em função de uma guerra. Mas não queremos falar só de segurança, por isso contaremos, também, com a presença de representantes da Secretaria Estadualç do Meio Ambiente e Assistência Social.

Sitiados pela guerra
Nos últimos quatro meses, os moradores do Leme vêm se sentindo sitiados pela guerra entre quadrilhas de traficantes rivais nos morros do bairro. Freqüentes, os tiroteios pela disputa do controle dos morros da Babilônia e Chapéu Mangueira não apenas assustam como vêm tirando os moradores das ruas, principalmente à noite.

A disputa nos morros teve início em abril quando traficantes de uma quadrilha, ligada à favela da Rocinha, em São Conrado, invadiram e expulsaram o grupo rival, que dominava as duas comunidades no Leme. Desde então, os confrontos têm sido constante. No pior deles, em pleno feriado de Corpus Christi, a guerra chegou ao asfalto. À noite, depois de uma invasão pela mata, até um espetáculo no Teatro Villa-Lobos, na Avenida Princesa Isabel, teve que ser cancelado.
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